Cada vez mais penso em desistir desse estilo de vida médio e ir morar no interior de São Francisco de Paula, plantando o que eu comer, acordando e indo dormir quando melhor me convier. Criando uma vaquinha, talvez, e morando com o Voltaire.
Analisando friamente, diria que num ano levando esse estilo de vida eu recuperaria o que julgo ter perdido (desperdiçado) a vida inteira.
Essas preocupações capitalistas com “sucesso”, “felicidade”, “ética”, e “justiça social” não devem ser tão relevantes pr’um quase-ermitão como o que eu me tornaria. Já que a vida não tem propósito mesmo (e dura pouco), não vale a pena ser só mais uma formiguinha trabalhadeira que acorda às 6h da manhã, vai dormir às 23h, sai nos finais de semana, etc, etc. Se não for nem pra entrar na história (expressão que eu abomino ferozmente), do que vale a vida então? Depois que eu morrer tudo vai ser esquecido mesmo. Por mim e pelos que sobrarem.
Ai, ai…
E mesmo sendo lembrado por qualquer coisa no pós-morte, de que adianta se não posso gozar da lembrança? Pra mim não vale nada.
Essa história de que o trabalho enobrece o homem tem me cansado cada vez mais. Max Weber, vá se foder!… Weber morreu também, não morreu? E por mais que lembremos dele ainda, de que adianta para ele??
Às vezes é difícil botar a cabeça pra fora da bolha e ver que a vida não é eterna, que o trabalho enobrece é o patrão, que as pessoas não são felizes (fora do carnaval), que o Natal é um feriado bem conveniente pra quem ganha brinquedo, mas bem chato pra quem não tem o que comer.
“Tristeza não tem fim. Felicidade, sim”, diria o Tom Zé.