The Meaning of Liff

Li uma história bem interessante sobre a criação do livro The Meaning of Liff, escrito por Douglas Adams e John Lloyd. Decidi traduzir o texto abaixo, publicado em 1983 na extinta revista inglesa Pan Promotion e escrito por Douglas Adams, o escritor de O Guia do Mochileiro das Galáxias, que dispensa maiores apresentações.

Não chego nem perto de um tradutor, mas procurei manter o sentido original das frases sempre que possível. Vale lembrar que “Shoeburyness” e “Woking” são cidades Inglesas.

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  • The Meaning of Liff
    Douglas Adams

The Meaning of Liff nasceu como um exercício de Inglês que eu tinha que fazer na escola que acabou virando um jogo, 15 anos depois, graças a John Lloyd e eu. Nós estávamos sentados com alguns amigos em uma taverna grega brincando de mímica e bebendo retsina durante a a noite até acharmos que seria interessante descobrir um jogo para o qual não precisássemos levantar muito da cadeira.

Era simplesmente isso (tinha que ser simples; estava muito tarde para regras complicadas): alguém falava o nome de uma cidade e outra pessoa dizia o que essa palavra significava. Você tinha que estar lá.

Nós rapidamente descobrimos que existiam uma quantidade ridícula de experiências, ideias e situações que todo mundo faz, mas que nunca foram devidamente identificadas simplesmente porque não existia uma palavra pra elas. As definições estavam cheias de: “Voce já se viu numa situação em que…”, “Sabe aquele sentimento quando você…”, ou “Bem, eu sempre pensei que fosse só eu que…”. Tudo que precisa é uma palavra para a coisa ser identificada.

Então, aquela sensação um tanto desconfortável que você tem quando senta em uma cadeira que foi previamente aquecida pelo traseiro de outra pessoa é uma sensação tão real quanto aquela quando um elefante enorme desavisadamente confunde-o com um arbusto e libera seu conteúdo intestinal em você, mas até então somente a segunda tinha uma palavra que a definia. Agora ambas tem palavras. A primeira é “shoeburyness” e a segunda, claro, é “medo”.

Nós começamos a colecionar mais e mais dessas palavras e conceitos, e passamos a nos dar conta o quão arbitrariamente seletivo é o trabalho do Oxford English Dictionary. Ele simplesmente não reconhece enormes quantidades de experiências humanas. Como, por exemplo, ficar parado na cozinha se perguntando por que você foi lá. Todo mundo faz, mas porque não há - ou havia - uma palavra pra isso, todas as pessoas pensam que é uma coisa que somente elas fazem e que elas são, portanto, mais imbecis do que as outras. É reconfortante pensar que todo mundo é tão imbecil quanto você e que tudo que estamos fazendo quando estamos de pé na cozinha nos perguntando por que nós fomos lá é “woking”.

Gradualmente pequenas pilhas de cartões com definições dessas palavras começaram a crescer na gaveta do John Lloyd, e qualquer um que ficasse sabendo deles iria acrescentar conceitos próprios.

Eles viram a luz do sol pela primeira vez quando John Lloyd estava produzindo o Calendário “Not 1982” e estava entupido de coisas para colocar nas bases das páginas (e também nos topos e algumas nos meios). Ele abriu a gaveta, escolheu mais ou menos uma dúzia das melhores novas palavras e colocou-as no livro sob o nome de “Oxtail English Dictionary”. Rapidamente isso se tornou uma das partes mais populares do “Not 1982” e o sucesso da ideia numa pequena escala sugeria a possibilidade de um livro  dedicado a isso, e aqui está: The Meaning of Liff, o produto de um duro trabalho de uma vida toda estudando e catalogando o comportamento do homem.

Tradução: Ítalo Alves.

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