Eu caminhava em direção a um hotel, que ficava numa baía. Era noite e na beira da praia encontrei um filhote de elevante. Eu não poderia deixar o elefante ali, aí levei ele junto pro hotel, que era ao mesmo tempo um daqueles lugares onde acontecem acampamentos de verão.
Cheguei no lobby do hotel e o elefante foi direto comer uns jornais que estavam ali pros hóspedes. A dona do hotel chegou e eu expliquei a situação. “Ele pode comer os jornais?”, eu perguntei. “Só os de ontem”, disse ela, “que são os quadrados—os retangulares são os de hoje”. Aí o elefante comeu uns jornais de ontem e no meio-tempo eu e a dona conversamos sobre a capa do jornal do dia, que era uma pintura de um artista famoso: “Que bonito o jornal de hoje”, diz ela, segurando um. “A capa, tu diz?”, eu pergunto. “Sim, ô… Esse pintor, né…”. “Verdade”, eu disse.
O elefante tava comendo os jornais, só que me pareceu que ele tava com muita fome e eu teria que comprar comida de verdade. Eu descobri de alguma forma que eu não lembro que o elefante comia milho triturado, aí decidi que na manhã seguinte eu compraria milho na agropecuária do hotel (!), que ficava no subsolo.
Quando acordei, no outro dia, fui atrás do elefante — eu tinha-o deixado solto no hotel. Andei pelos corredores por um tempo, o prédio era todo de madeira. Eu acho que nesse momento eu estava na parte do hotel onde aconteciam os acampamentos de verão, basicamente porque não tinham portas nos quartos e para ir de um lugar para outro eu tinha que passar por dentro de banheiros.
Cheguei num lugar onde estavam servindo o café da manhã, tinha uma fila de gente se servindo comida. “Ítalo!”, eu ouvi de uma voz vindo de traz. Virei e era uma conhecida minha alemã vestida de Pateta (!). Ela acenou — acho que eu não — e saiu pulando pelo pátio. Então eu acordei, sem achar o elefante.