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Hoje, como mencionei no post anterior, tive pela primeira vez a experiência proctológica de assistir a um julgamento pelo tribunal do júri (aquele onde quem julga são sete cidadãos de bem, em vez do juiz). Uma aventura que eu não recomendo a ninguém, senão sob estados fortemente alterados de consciência.

As minhas considerações sobre o júri encheram numerosas folhas do meu bloquinho e serão devidamente datilografadas num momento oportuno. Por ora, só queria deixar com vocês alguns momentos da fala da acusação (Ministério Público) que marquei com estrelinha, pra deixar todo mundo com aquele gosto de quero mais:

“Como eu me orgulho de ser macho”;
“Roubaram o celular do meu filho há vinte dias […], minha vontade é de ir lá e torturar o ladrão e o receptador”;
“João [nome fictício da vítima] só não morreu porque o senhor Jesus estava presente”;
“João [nome fictício da vítima] é homem de verdade”;
“O senhor [defensor público] fala em nome do bandido, eu falo em nome da sociedade”;
“Qualquer um de nós, macho, ia fazer assim”;
“Meu lado é o da sociedade, que não aguenta mais mentira a favor de criminoso”;
“A mulher é a razão de toda nossa existência, de nós machos principalmente”;
“O senhor defensor não está sendo homem ao falar dessa forma comigo”;

E por fim, o que me fez quebrar:
“Eu posso ter muitos defeitos, mas eu sou muito lógico”.

O julgamento durou dez horas. A única diferença dele pruma peça ruim de teatro é que tudo que foi dito, de uma forma ou de outra, respingou diretamente na liberdade de uma pessoa. Saí de lá com uma tonelada nos ombros.

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