Glauco era professor no programa de pós-graduação em Psicologia da Pontifícia Universidade Católica, em São Paulo. Trabalhava em uma linha de pesquisa muito semelhante a do professor Plato, este da USP, com quem, ao longo dos anos, estabelecera uma forte e mútua relação de ódio. Apesar de nunca terem se encontrado pessoalmente, trocavam e-mails aporrinhando-se a cada nova publicação de um deles. Detestavam sinceramente o trabalho um do outro. Seguiam linhas diametralmente opostas dentro do mesmo campo. Um criticava pública e cientificamente cada novo artigo do outro. Convergiam, entretanto, num único aspecto. Ambos sofriam de transtorno bipolar severo. Glauco e Plato desconheciam o fato de serem a mesma pessoa.