A prisão do Eike Batista pode até ser interessante politicamente, vá lá, mas ter qualquer tipo de prazer em saber que o sujeito foi preso é tão tosco quanto vibrar com a condução coercitiva do Lula. Não porque comemorar coerção sobre alguém seja algo essencialmente imoral (hahah, moralidade), mas porque é no mínimo um erro de análise achar que a figura de um Eike Batista, empresário multimilionário etc. teria uma capacidade de decidir sobre as dinâmicas do poder (e, portanto, de agir ‘corretamente’) muito maior do que os pobres coitados que nem eu e tu que temos que vender nossa força de trabalho pra poder pagar a luz no fim do mês. A mesma liberdade que eu tenho de acordar num belo dia e decidir que vou parar de ser trabalhador e vou virar capitalista (nenhuma) é a que o capitalista tem de acordar num belo dia e decidir que não vai agir de acordo com as lógicas do capitalismo e não vai se sujeitar às dinâmicas do poder. Eike Batista é uma figura aleatória que calha de ocupar o espaço que ocupa. Podia ser qualquer outro, a dinâmica seria a mesma. Saudar ou vaiar indivíduos singulares, nesse sentido, é esquecer que por trás deles existem estruturas políticas e econômicas que fariam qualquer um que ocupasse aquele lugar agir exatamente da mesma forma. Vale para mim, pra ti e pro Eike.