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O planejamento urbano em Alberta é bem interessante. Além de um zoneamento bem funcional, pelo menos em Edmonton, as ruas aqui funcionam no mesmo padrão de Nova Iorque: ruas sempre na direção norte-sul e avenidas na direção leste-oeste, o que facilita muito na localização dentro da cidade.
Nas rodovias, uma coisa interessante são as ranhuras no acostamento. Como muitas das estradas são uma linha reta por vários quilômetros, no acostamento são feitas ranhuras que fazem o carro vibrar quando passa por cima. Ou seja, se o pinta pegar no sono numa reta dessas e entrar no acostamento, provavelmente vai acordar com o barulho. As rodovias são provinciais e não têm pedágio. Algumas delas são financiadas pelo governo federal. -
Meu olho esquerdo estava me incomodando um pouco e fui num oftalmologista para ver o que era. Um grau pequeno de miopia – mandei fazer óculos. A universidade onde estou tem um plano de saúde obrigatório que eu descobri que cobre exames de optometria e óculos. Paguei pouco menos de C$ 200,00 pelas lentes + exame, o seguro cobriu C$ 160,00, que é um valor apropriado. O mais interessante é solicitação de reembolso do seguro: o processo é todo online, você entra seus dados de identificação, conta bancária, valor e detalhes do gasto. Em 5 dias úteis o dinheiro entra na sua conta, pasmem, sem precisar apresentar um mísero comprovante. É tão fácil e estranho uma seguradora confiar no segurado que parece que tem algo errado.
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A questão do Québec é uma vaca sagrada no Canadá. Resumindo muito: Um quarto da população canadense é francófona. Apesar de diversos níveis de governo federal serem exclusivamente anglófonos e ter só uma província com uma população francófona expressiva, o Canadá é oficialmente bilíngue, exceto no Québec, onde o único idioma oficial é o francês [Canada, originalmente, era um dos territórios de domínio francês na América. Anglófonos vieram para cá sobretudo depois do fim da guerra civil americana]. Durante o governo do Primeiro-Ministro liberal Pierre Trudeau, nos anos 70 e 80, várias medidas foram implementadas para manter a cultura francófona ‘viva’, algumas delas proíbem, por exemplo, imigrantes no Québec de mandar seus filhos para escolas anglófonas, criam escolas exclusivamente para famílias francófonas, mesmo em outras províncias, entre outras coisas polêmicas.
O inglês, no Québec, parece ter se tornado uma espécie de inimigo público e bode expiatório dos problemas da província. O fato dela ter uma grande população rural desinformada e forte influência eclesiástica não ajuda a desconstruir a imagem do inglês como ameaça. Nesse lado do oeste a maioria acha que a proteção que o Québec tenta fazer de sua cultura é demasiada e agressiva. Uma tese (do filósofo Charles Taylor), que parece ter sido a aceita pelo governo até agora, é a de que os esforços do estado não devem ser somente no sentido de conservar uma cultura, mas de positivamente criar indivíduos para, por exemplo, servirem de referência a futuras gerações. Já houve tentativas de separação do Québec, mas não deram certo. Na última entretanto, o ‘não’ ganhou por uma margem bem pequena.